Fragmentados - Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria .
Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.
O vencedor do Boston Globe-Horn Book Award, Neal Shusterman, desafia as ideias dos leitores sobre a vida: não apenas sobre onde ela começa e termina, mas sobre o que realmente significa estar vivo.
Fragmentados, um dos lançamentos da Editora Novo Conceito, é, também, uma distopia cheia de aventura. A história se passa em um período pós guerras (até metade do livro não sabemos exatamente as motivações da eclosão da guerra, tampouco os motivos que a encerraram), em que é normal crianças serem abandonadas na porta da casa de estranhos, que são obrigados a ficar com elas, assim como é normal crianças serem enviadas para fragmentação. O fenômeno da fragmentação é outro ponto que vamos descobrindo ao longo do livro, pois temos que, ironicamente, ir juntando as peças para compreender o seu conceito e entender o seu funcionamento.
Nesse mundo pós guerras, Connor, sem saber o motivo, é enviado pelos pais para a fragmentação. De outro lado, temos Risa, uma menina tutelada pela estado, que é enviada para fragmentação, porque o Governo quer cortar despesas. E, por último, temos Lev, um menino de uma família tradicional, que é enviado para a fragmentação como dízimo (como oferenda à Deus). Os três jovens, tem seus caminhos cruzados quando estão prestes a chegar ao Campo de Colheita (local onde se realiza a fragmentação) e no meio da situação, se veem fugindo do local.
A partir da fuga, as relações entre o trio começam a se estreitar até o momento em que se separam e depois se reencontram no Cemitério (antigo cemitério de aviões, que serve de abrigo para os fragmentários foragidos). E é aqui, meus amigos, que o "vuco vuco" fica sério.
Até boa parte do livro, o leitor não tem noção da complexidade e da monstruosidade que é a fragmentação e, como dito, temos que ir juntando as peças até conseguir visualizar o quadro completo. No entanto, em um dos capítulos finais, temos uma descrição parcial do procedimento, o que não é nada agradável.
O livro pode ser visto como uma interessante crítica social, ou pelo menos, uma crítica futura da sociedade, sobretudo no que diz respeito a supervalorização dos ideais pessoais em que relação a própria vida humana. A guerra que acontece no livro foi resultado do conflito entre aqueles que eram favoráveis ao aborto e aqueles que defendiam o movimento pró vida, sendo a guerra finalizada após o acordo que instituiu a fragmentação (procedimento que, a grosso modo, dá "um jeito" nos cidadãos indesejados pela sociedade, sem por fim às suas vidas). Assim, vemos que a necessidade da defesa dos ideais (pró aborto x pró vida) se sobressai em relação à consideração da dignidade da pessoa humana (o princípio mais defendido no mundo dos dias de hoje).
Assim, de forma geral, posso dizer que a leitura foi bastante agradável e corrida, pois sempre temos acontecimentos cheios de emoções e que ocorrem com algum propósito útil à narrativa, ou seja, os personagens vivem se ferrando, mas não à toa. De outra mão, a narrativa tem alguns alguns pontos falhos e, até certo ponto, de resolução infantil, o que não chega a ser um problema que afeta efetivamente a história. Por fim, digo que a história (que já está em fase de pré produção para os cinemas) teve um desfecho que induz a uma continuação, que espero, sinceramente, que ocorra.
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