terça-feira, 22 de setembro de 2015

Resenha | Senhor das Moscas, de William Golding

O Senhor das Moscas, uma das leituras essenciais em países de língua inglesa, cujo autor recebeu o Prêmio Nobel em 1983, aborda, de forma resumida, o enfraquecimento da humanidade e a predominância da natureza humana na sua pior forma.

A história é ambientada em um período de guerra, onde, aparentemente, diversas crianças são retiradas de suas casas, pelos próprios pais, e enviadas a outros países a fim de terem suas vidas preservadas. Em uma dessas viagens, o avião que transportava um grupo de crianças, meninos entre 5 e 14 anos, cai em uma ilha no meio do pacífico, dando origem ao início da aventura apresentada no livro.

Logo de imediato, as crianças, ao perceberem a ausência de adultos na ilha, começam comemorar e a brincar. Após, em um dos raros momentos de seriedade, o grupo define, através de votação, um líder. Assim, Ralph, o recém eleito chefe, como primeiro ato, define ser essencial a criação de uma fogueira no ponto mais alto da ilha, onde sua fumaça pudesse ser vista por embarcações que passassem ao redor. 

Jack, inconformado com a perda do cargo, passa a afirmar ao grupo que a fogueira por si só não é suficiente, e que algo deve ser feito para garantir a sobrevivência do grupo enquanto preso na ilha, assim, passa a definir, aos poucos que ficaram ao seu lado, que a prioridade deve ser a caça.

Desse modo, surge o primeiro ponto de rivalidade e a divisão dos meninos em dois grupos: aqueles que se sujeitam a uma democracia, respeitando votações e aceitando as orientações do líder Ralph, e de outro, aqueles que se sujeitam a um regime autoritário, onde apenas respeitam ordens de um líder autodefinido e onde sua opinião não possui valor.

A partir daí, as crianças, que viviam em sociedade, assim como seus pais e seus avós, ao se depararem com a liberdade e a conveniência, passam a esquecer o espírito moral e ético que as acompanhava, dando espaço ao nascimento de sua natureza má, definida pelo instinto de sobrevivência.

Senhor das Moscas faz jus ao título de literatura essencial, vez que proporciona diversas análises sociais, antropológicas e filosóficas, no entanto, peca ao demorar na ambientação das situações, deixando apenas para o final o ápice caótico da história. No entanto, tal “pecado” não prejudica na grandiosidade e na complexa simplicidade trazida nessa história aparentemente ingênua e desprovida de fins político-sociais. 

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